quarta-feira, 21 de março de 2018

Eu e Letícia


Olá meus amigos leitores que sequer sei se existem. Fiquei alguns dias sem postar e as novidades se acumularam. Mas  a mais importante foi eu ter tido, pela primeira vez, uma conversa de pai e filha na segunda, com o amor da minha vida. Muito marcante essa conversa pra mim.

Nós todos temos a preocupação de cuidar dos nossos filhos e dar pra eles o nosso melhor. E, salvo uma avaliação melhor, acho que conseguimos, pelo menos na grande maioria das vezes. Mas não somos perfeitos e aquela pessoinha que você ama tanto tem um cérebro igual ao seu e que, porra de DARWIN, acaba pegando algumas coisas nossas.

Mas claro que a teoria da evolução não é a única explicação. Nossos filhos seguem nossos caminhos, nos veem como exemplos, repetem nossos comportamentos, nossas teimosias e nossa forma de pensar, até crescerem e se relacionarem com outras pessoas e completarem sua formação de personalidade.

Não temos como evitar se eles tiveram apreensões como nós temos. E, muitas vezes, temos que aceitar que não temos resposta para as perguntas deles. E pedir ajuda. Isso ficou claro nesse dia.

Claro que existe toda uma mudança ocorrendo dentro do corpo dela. E essas mudanças de menina pra mulher geram hormônios que afetam as emoções. Jogando uma pitada de sono, veio o desabafo emocional dela.

Foi uma das coisas mais ricas da minha vida poder escutar a minha filha, sem precisar obrigá-la a falar, de espontânea vontade. Essa confiança dela em mim me deixou muito, muito, muito feliz, a ponto de ser impulsivo com minha mulher e, claro, fazer merda. Pouca, contornada, mas fiz.

Muitos poderiam olhar isso como manha ou como uma tentativa de chamar a atenção. Foda-se. Se ela precisa fazer isso pra chamar minha atenção é porque talvez eu tenha que repensar a atenção que eu estou dando pra ela.

Julgar isso de antemão é desconsiderar a possibilidade de que ela pode estar precisando de proximidade, apoio, mais do que eu considero que estou dando. E eu preciso verificar se estou sendo justo com meu tempo com ela. Ponto. Sem julgar. Perceber e avaliar se uma mudança pode ser feita.

Algumas frases dela me chamaram a atenção, além do comentário de uma paciente minha que me fez pensar muito e já planejar ações pra resolver o problema (se ele existir). Mas não me esconder na capa de não fazer nada. Vamos a algumas. Tenho 5 minutos no máximo pra sair de casa e ir ao médico.

VOCÊ VAI VOLTAR PRA ESCALA PRA PODER ATENDER MAIS NO CONSULTÓRIO?


Caraca, isso foi um soco. Não por ser verdade, mas por ela estar achando que minha prioridade não é estar perto dela. E é justamente por isso que quero ficar na escala. Ficar mais tempo com ela, ter tempo pra ir na academia, ficar mais em casa com a família, ficar mais com a mãe dela. 

Preciso conversar mais com ela sobre isso. E, mais ainda, preciso agir de acordo com isso. Mas eu acho que talvez eu esteja agindo pouco do jeito que ela quer e mais tentando ajustar meu tempo incluindo ela. 

Não que isso seja ruim, mas ela sempre fica em segundo plano? Claro que não. Mas ela pode estar achando isso e ISSO é ruim. 

Ela quer que eu a leve pra escola. Hoje, por exemplo, não poderei. Mas será que eu um pouquinho de esforço não dá pra fazer isso?

Fiquei feliz de ver que minha filha é parecida comigo. Mas preocupado também. Tem coisas que eu não consegui resolver, AINDA, comigo mesmo. E não quero que ela demore tanto tempo pra resolver isso. 

Mas não quero fazer uma assunção de culpa. Me considero, realmente, um bom pai, que acompanha, amoroso, que acompanha sua vida. Acho que talvez alguns pequenos ajustes na rotina já ajudem. 

E, pra terminar, uma das coisas mais lindas que ouvi de uma paciente foi ontem, sobre o pai dela. Ela lembra que o pai dela NUNCA deixou de levar ela nos melhores médicos e ela lembra até hoje o nome do pediatra dele, de tanto que o homem era famoso. 

CUIDADO. Essa é a palavra. Talvez eu possa melhorar algumas coisas que não estão boas, mantendo o que é bom. Pode trazer bons resultados. E

PEDIR AJUDA, PORRA. 

Casa de ferreiro, espeto de pau. Aceita isso que dói menos, Robson. Vanessa, essa tá contigo. Não confio em mais ninguém.

Valeu

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...